quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Disciplina e alguns versos.






.Sentei-me em uma mesa redonda junto com minhas orientadoras. Elas tinham que conversar comigo. Falar de minhas irresponsabilidades e decisões ao longo do ano, em que aceitei fazer uma monografia com as duas. Ouvi tudo que tinha de ser dito e fiz minha réplica. Foi uma conversa bem interessante. Em dois pontos: 1. é estranho ouvir críticas em forma educada mas contendo em suas entrelinhas palavras duras; 2. saber que tudo estava certo – a verdade dói -, mas a luta para que aquilo fosse mudado já estava em curso.


.Não foi questão de ano novo e aquelas promessas de 7 ondas tão convencionais, que se conseguirmos cumprir uma é muito. Foi uma questão individual extremamente pensada e estudada. Uma conversa interior e com requintes de definidora de um futuro totalmente indeciso. Nós (seres pensantes) adoramos criticar o que nos rodeia, exigindo mudanças e reestruturações do que achamos errados. Mas a máxima presente em poesias e músicas é extremamente importante para termos ‘moral’ para fazer essas críticas. Se quisermos mudar algo, é melhor começarmos por nós mesmos. E foi assim. Na noite do dia 2 de Janeiro, sozinho e com todas as luzes da casa apagadas tive uma conversa comigo e com tudo que me rodeava. Deus? Espíritos? Insetos? Acredite no que quiser, pois eu acredito no que tenho fé. E naquele momento era mais do que uma poeira cósmica racional. Era alguém que questionava e agonizava por mudar. Obs: Não fiz na noite do dia 1° de janeiro pois estava muito bêbado.


.E bem, pra iniciar uma mudança não dá pra fazer o que a maioria das pessoas fazem. Pedem por mudança, falam que vão mudar, mas no dia seguinte agem da mesma forma que todos os dias que antecederam. Uma mudança não cai do céu. E você não dorme um dia sendo Tom Cruise e acorda Brad Pitt (gostaram do exemplo, meninas?). Essa é a verdade. A mudança é construída. E a partir daquele dia aceitei cair em mudanças. Não podia ser radical e virar tudo de cabeça pra baixo. Comecei pelos detalhes. O que acredito que seja bom em mim, resolvi deixar. O de ruim, analisei e prometi tentar mudar.


.A verdade é que todos somos uma grande pedra de mármore para esculturas. E isso nunca mudará. Seremos para sempre esse mármore existêncial. O que pode nos mudar é o nosso moldar. O que prefere ser: um “O Pensador” de Rodin ou apenas um bloco retangular? Nosso caminhar na vida, vivenciamos a estaca da vida que nos molda a cada passo e ações. E escolhemos a escultura que queremos nos tornar. Quando mais integre e forte, mais bela. Todas as belas esculturas demoraram para serem feitas e exigiram muita dedicação. Por isso digo que viver é uma arte. E nós somos nossa própria escultura. O maior objeto artístico que podemos produzir.


.Voltando a questão principal, uma das grandes problemáticas da vida, principalmente na minha, é a disciplina. Ninguém precisar ir pro exército e ser disciplinado por superiores para se tornar um ser obediente (por sinal, sobrei, porra!). A disciplina é algo interno com influências externas, creio que primordialmente familiar. A escola ajuda muito também. Não que eu não tenha sido disciplinado por minha família. Longe disso. Mas a displicência e a preguiça são enormes inimigos da disciplina. E disciplina, considero como algo além de sua definição de um conjunto de leis ou ordens que regem certas coletividades. Disciplina é organização, respeito, obediência e comprometimento. Creio que a primeira e última palavras que uso para minha autodefinição de disciplina são as que unicamente me quebram. Não posso quesitionar a desorganização de ninguém, sou desorganizado. Não posso criticar o descomprometimento de ninguém, pois por muitas vezes quando era pra ser comprometido, fiz corpo mole.


.Mas hei de mudar. A cada passo que dou me torno mais sistemático, não perdendo meu jeito eloqüente-inconsequente que me caracteriza. E o compromisso virou a maior promessa política para conclusão de minha escultura. Tanto que terminei minha monografia e me tornei um cara extremamente comprometido com os projetos que me alio. Sempre fui fogo de palha. Muito empolgado pra fazer no início, mas o fogo ia abaixando, eu ia desanimando, até que nunca terminava o que fazia. Acho que isso acabou virando um estigma que me traumatizou, deixando na minha cabeça que não era capaz de terminar nada que fosse grandioso. Errei. E tive provas disso nos últimos anos de minha vida.


.Não deixem essa besteira de desanimação acabar com vocês. Não façam falsas promessas. Ajam com disciplina. Orientem-se ao máximo para poder mudar. YES, WE CAN!

Música da Semana – Acrillic on Canvas (Legião Urbana)
Filme da Semana – “Annapolis” (Gênero: Drama)
Frase da Semana – “Onde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo”. (Maquiavel)
Imagem – O Pensador de Rodin

12 comentários:

Guilherme Bayara disse...

Estamos sempre crescendo e temos de reconhcer em que erramos para podermos mudar.

Gostei do texto.

Léo disse...

Ual, belíssimo texto!

Refleti bastante no seu texto e você colocou bem quando disse que a vida é uma arte.

Gostei demais daqui, vou te seguir.

Me visite: http://eitavidameu.blogspot.com/

Abraços

Herbert Alves disse...

Mais uma dose critico-filosófica de alguém que sabe se expressar por palavras como se essas o obedecessem; très bien

Anônimo disse...

Caramba, me fez refletir agora, me deu vontade de mudar também... Você sabe bem o quanto essa questão da disciplina pesa pra mim... Vou entrar nessa onda de mudança! Yes, we can!

Renata disse...

Sabe, me identifiquei com isso. Realmente vemos tudo o que está errado a nossa volta sem perceber que também estamos. Ou percebemos que estamos errados e ficamos só na promessa de mudar.

Adorei a metáfora! Usar O Pensador de Rodim foi genial! (também gostei da do Tom Cruise xD)

Boa Sorte com a sua mudança! Espero que consiga!

Ana C. disse...

Ironicamente, meu penúltimo, acho, post seguiu uma semalhante linha de raciocínio. E isso é o mais difícil, na minha opinião - perceber o por quê da mudança e finalmente admita-la. Mas bem, não dá pra seguir sem mudanças.

Sei lá, fico feliz por você. Que encontre um bem estar maior assim(:

;*

Vanessa Bender disse...

você escreve heim? mas a vida é assim, é aprendendo que podemos ensinar

Nick disse...

Sobreviver é fácil, o difícil é viver. POis é, a mudança é um processo lento, que requer pequenas mudanças a cada dia, bem como tu disse, é como uma escultura que leva tempo a ser esculpida.

Vinícius Cortez disse...

A sua filosofia evita que um registro pessoal seja incompreensível. Parabéns, ainda que eu tenha uma dificuldade tremenda em separar o meu diário do meu caderno de contos, e ache que quando as duas coisas se misturam é difícil demais fazer sentido.

Abraços!

http://o-quasar.blogspot.com/

Fabrício Bezerra disse...

se todos fizessem promessas a si mesmo no dia 2 de janeiro ia ser melhor,por que dia 1º tá todo mundo bebado e nem sabe o q faz.e só prometer,ou rezar,fazer simpatia e não cumprir não adianta de nada

Macaco Pipi disse...

siga as regras e será domado!

Nêlma disse...

Eu me vi nessas palavras,Lembrei de Quintana quando fala da impressão de estarmos sendo lidos por alguns escritos. Me senti assim agora. Vc cometou no meu blog e abri aqui e o q primeiro parei p ler foi esse.