quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Depois da Meia-Noite




I - Hoje

Andando por entre os pingos de chuva
Sozinho, porém acompanhado com o choro dos céus.
Nada parece tão desafiador
Quando o desafio é continuar a respirar
Debaixo dos panos pesados da vida

O silêncio que toma conta de mim,
Me transforma em uma sinfonia muda,
Composta pelo maestro do vazio,
Com acordes de angústia,
À espera do ato final.

É tão difícil temer algo que é inevitável.
Antes temêssemos coisas que nunca iremos enfrentar.
Mas da morte ninguém escapa,
Uma hora ela vai chegar.
Ninguém está totalmente preparado.
Ninguém estará plenamente satisfeito.
E agora? Se for agora?
Aquele beijo que só ficou nos pensamentos
E agora se encontra na mente que não mais pensa.

Nosso amor será para sempre infinito
Preso naquele tempo que se foi.
E quem ninguém duvide disso.
Nem eu. Nem você.
Só que agora eu busco outra história.
Outro infinito.
Outro veneno mortal.
Que me remedeie dessa dor.
Outra história sem final.
Outro conto de amor.



II - Você

Você,
Tão pequena que diz que não conhece o amor.
Você,
Tão esperançosa à espera do antigo amor.
Você,
Tão rígida, a história te trouxe dor.
Você,
Está comigo, seja aonde for.
Você, meu amigo,
Que os espíritos te conduzam a luz
Você, minha linda,
Nossa história está por acabar,
Você, indeciso,
Enfrente o monstro que te seduz,
Você, desconhecida,
Traga-me de volta a vontade de amar.

III – Das canções.

Agora cantam canções românticas
Eu não me vejo com ninguém.
As palavras perderam as semânticas.
Estamos esperando por alguém.

Que nos complete.
Que diga bom dia com paixão.
Que nos reflete.
Trazendo a luz pra escuridão.
Eu confio em você,
Estenderei aqui, a minha mão.
Você confia em mim?
Só existe uma opção.

Escrever por escrever.
Sem ter qualquer razão.
Vivem sem por querer
No meio dessa solidão.


IV – Erro

Amar é erro.
Mas não custa nada errar.
Amar é enfermo.
Vale a pena arriscar.
Amar é medo.
Não sei mais se quero tentar.
Não se apaixone por mim.
Pois é como um enterro.
Deixe que eu me apaixone por você.
Pois sei que amar é erro.

V - O que eu queria dizer

O que eu queria dizer
Mas não consegui tentar falar
Pois as palavras ficaram no labirinto da vergonha
É que não consigo te olhar
Sem querer te desejar.

O que eu queria dizer
Na verdade é um pedir
Talvez um suplicar
Que antes de eu partir
O poder de te beijar.

O que eu queria dizer,
Mas com palavras não consigo,
E nunca conseguirei,
É que estou hoje aqui,
E para sempre estarei.

O que eu queria dizer,
Pode ser muita bobeira,
Uma coisa de menino,
De menino apaixonado,
Que só fica feliz quando fica ao seu lado.

O que eu queria dizer,
É simples e mundano.
Todo mundo diz uma vez,
Mas só digo pra você,
E eu digo que te amo.

Obs: Poesias feitas durante a semana dedicadas a Amanda, Wlad, Tri, Karen, Cacal, Lary e Lara.

Música da Semana - Monstro Invisível (O Rappa)
Filme da Semana - Laranja Mecânica (Gênero: Drama/Ficção Científica)
Frase da Semana - "O amor não é uma fórmula e sim uma equação de inúmeras variáveis" (Gérson M.)
Imagem - A noite estrelada (Van Gogh)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A Força da Fraqueza


"A maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama."

Blaise Pascal



. Admito que demorei para começar a escrever sobre o que quero falar. Não sei, exatamente, se conseguirei ser totalmente claro, talvez por tratar de algo que está além de minhas capacidades cognitivas. Mas ao deitar em minha cama, após um dia cansativo de estudo, a fraqueza me bateu; como aspecto e como temática para abordar. Falarei dessa fraqueza cotidiana que nos assola, ou melhor, que insiste em nos assolar. Citações serão feitas, analogias serão usadas e ao final de tudo, a fraqueza será estripada (ou não).

. A vida e seus frutos apodrecidos diários nos oferecem problemas e situações. Saber como lidar com os casos e acasos já deixou de ser uma opção, muito menos recorrerei ao velho clichê de dizer que é uma necessidade. O que quero dizer é que esses enfrentamentos são nada mais do que algo imposto; ato outorgadamente obrigatório. Não existe mais a opção de pular e seguir em frente. É enfrentar. E enfrentar ocasiona em dois simples caminhos: apanhar ou bater. Simples até demais. Salve os casos que dá para apanhar e bater, na maioria das vezes, mais apanhar do que bater.


. Por definição, a fraqueza é a perda de força; falta de solidez; fragilidade. Rousseau ao falar sobre, diz: "Todo o mal vem da fraqueza." Ninguém é fraco por escolha. Não somos deuses ou protótipos de super-humanos para lidar com todas as problemáticas periódicas com racionalidade e extrema eficiência. Infelizmente, a fraqueza não é como rio corrente que nos carrega, com suas margens que o limita e censura. Fraqueza é onda forte, é ‘tsunami’ que, não contente em te machucar ao te encontrar, deixa rastros de destruição e tristeza por onde passa. Levantar diante dos escombros do temor, sobre tijolos de covardia é algo opcional. Respirar por debaixo dos destroços, acorrentado a dor ou se desvencilhar das dores e tentar seguir em frente?

. Todos carregamos uma força inimaginável dentro de si. Não se sabe onde, não se sabe como. E é essa vela de força que devemos acender, quando estivermos nas sombras da fraqueza. “Tira força de tua fraqueza”, assim disse Cervantes, escritor de Dom Quixote De la Mancha, clássico da literatura mundial. É visível que nem sempre a fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte.

. A força da fraqueza está onde não conhecemos. Por isso precisamos estar preparados muito bem para o desconhecido, para não deixar as estruturas do prédio da vida se abalarem com o terremoto dos maus momentos. É fácil ser fraco, pois a fraqueza é muito mais forte do que a força. Porém, tudo pode mudar. Basta enfrentarmos os demônios presentes em nossa mente.


Música da SemanaDuel with the Devil (Transatlantic)

Filme da SemanaO Ensaio sobre a Cegueira (Gênero: Drama/Suspense )

Frase da Semana"A Força não vem da capacidade física, ela vem de uma vontade inabalável." (Mahatma Gandhi)

Imagem da SemanaPortrait of Dr. Gachet (Van Gogh)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Autorretrato




. Por dias pensei o que escrever. Também, com um texto tão intimidador em seu tamanho como o anterior... Por que será que ligamos tanto para a opinião alheia? Ligamos se estamos acima do peso, ligamos se estamos abaixo dele. Se temos uma mania, se não temos uma mania – que ser é esse que não tem? Viram? – então, além de dissertar sobre tal, me prenderei à proposta inicial do blog; retratar o cotidiano vivido.


. O homem é um ser social, logo, daqueles atrelados à imagem que fazem dele, um exemplo contemporâneo: quem evita tossir em meios comuns para não ser espancado com olhares maldosos? Eu evito, paranóia maior seria julgar alguém de tal forma...Deus eu sou alérgico!


. O homem enquanto inserido em sociedade, preza em sua maioria pelo material, onde o ter é mais importante do que o ser; afinal para que ter boa índole se eu não ando de Mercedes? E dizer isso, para mim, é uma hipocrisia ímpar, afinal sou um ser social e material, se não o fosse, talvez jamais leriam esse amontoado de ideias sobrepostas.


. A preocupação humana com a imagem remete à invenção da moral. Não se encaixar nas regras básicas que regem a sociedade é não ser aceito como comum, e bom, ser segregado e excluído do meio; não agrada. Com isso tem-se a procura incessante pela aceitabilidade de todos, que nada mais são do que iguais a você, em tese.


. O mais intrigante é que ser igual não basta, o homem, ser em constante evolução, procura ser maior...Superior. Essa hierarquia social existente, dividida por cientistas sociais em vários fragmentos, na realidade só obedece a dois grupos que a compõe; os notórios e os indigentes. Queremos estar entre os notórios, sempre! Para tal, preciso daquele cabelo, que me fará perder horas do dia no salão; preciso daquele tênis, que eu, mero mortal, pagarei em doze prestações; preciso daquele óculos de sol, mesmo estando no inverno; e preciso daquela roupa, aquela mesmo que paga um dólar a hora para as crianças mexicanas.


. Um fato é, a imagem é mutável, construímos quem somos e quem vamos ser. A mente é facilmente manipulada para qualquer direção. A construção tanto quanto a desconstrução da pessoa, é de uma simplicidade incomensurável; basta querer. Outro fato, a adaptabilidade humana é incrível, temos a exímia capacidade de nos adaptarmos ao meio em que nos encontramos mergulhados. E com isso, podemos dizer que somos continuamente influenciados por ele, sendo assim, mudamos constantemente de acordo com a velocidade que os outros, que nos cercam, mudam. A questão é, você quer mudar o outro, ou sempre seguí-lo?


. Meus agradecimentos a minha grande amiga Clau.


Música da Semana Wish You Were Here (Pink Floyd)

Filme da Semana – Os Intocáveis (Gênero: Policial)

Frase da Semana – “Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas. O que importa é transformá-lo”. (Karl Marx)

Imagem da Semana Prise de la Bastille / Jean-Pierre

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A 'Complexação' do Ser

Hoje em dia, o normal não quer mais ser normal, e ser diferente é o que é mais interessante. Parece que as pessoas não aceitam suas vidas boas e felizes e na tentativa de um “upgrade” no olhar de fora, acabam criando monstros e vilões que circundam suas vidas, apenas para poder dizer:

- Eu tenho problemas.

Em um ato desesperado, que na verdade só quer dizer:

- Por favor, me vejam!

O famoso ‘fazer merda para mamãe ver’ de quando éramos crianças, agora se tornou um estado de criar complicações psicológicas para chamar a atenção de quem está de volta. Mas é claro que ainda existem crianças em corpos adolescentes que usam o ‘fazer merda para mamãe ver’, mas sobre esses seres, não irei comentar. Lugar de criança é na creche. E creche não tem internet. Logo, não lerão o que estou dizendo.


. Voltando ao objeto principal do que digo, estou falando que parece que virou moda ser problemático e anormal. Se esconder nos cantos, se fazer de triste, soltar umas reclamações acerca da vida e contar acontecimentos, sempre jogando tudo nas piores palavras, provocando o maior ‘coitadismo’ possível.


. É meio difícil falar do que é sofrimento sem conhecê-lo de verdade. E isso é uma lei geral. Não podemos falar com autoridade sobre uma coisa sem conhecê-la. Um caso bem comum é a questão de separação dos pais. É claro que é uma situação dificílima de lidar, eu sei muito bem como é que é. Mas lidar com isso e achar que é o fim do mundo é um ato ‘coitadista’ incrível. Não quero ser insensível. Mas tem gente que lida como se tivesse alguém apontando com uma arma em sua cabeça, mal sabendo que existem pessoas que lidam com isso, desde que se conhecem como gente e não tinham maturidade pra lidar com isso. Agora, adolescentes, futuro adultos, lidam com a separação da pior forma possível. E as crianças que lidam com isso? Será que não sofrem/sofreram? Será que sofrem menos que vocês, que reclamam de tudo? Eu sei bem o que é isso. Sei o quanto é uma situação ruim. E pior que lido com um caso super atípico de separação. Mas nem por isso sou o ‘mega-sofredor’. É óbvio que se tivesse uma família boa e não tivesse vivenciado algumas situações, teria sofrido bem menos e não teria passado por diversos problemas, mas por outro lado não seria forte como sou hoje e provavelmente não estaria escrevendo aqui. Essa é a pura verdade. Eu superei. Mesmo que desde que me conheço como gente, tenha vivenciado e assistido brigas de camarote e sem qualquer noção sobre o que se passava. Era um estado de não-entender misturado com a perca de minha ingenuidade precoce. Pois acordar com gritos e pancadas não é bom. Seja para crianças ou para adultos.


. E olha que esse é um caso específico. Existem outros. Como a perca do pai e mãe em acidentes, doenças graves na família, etc, etc, etc. Como essas pessoas devem lidar com isso? Mas tem gente que por simples problemas, se fazem de modo abusivo, para ganhar IBOPE cotidiano e assim satisfazer seu ego carente.


. Fato que se as pessoas fossem o que realmente são as coisas seriam muito mais fáceis. Se elas se aceitassem como são e tratassem seus problemas com maturidade, seria fácil reconhecer o que é verdadeiro e falso, certo ou errado, bom ou ruim. Mas parece que é moda ser deprimido. O bom é ser deprimido. Ser feliz não chama atenção.


. Porém, não podemos nos esquecer dos verdadeiros ‘sofredores’. E esses que têm problemas de verdade? Como saberemos distinguir dos ‘pseudo-complexados’? Fato que ao nosso lado existem ótimas pessoas que podem sofrer demais por dentro e não demonstrar isso para o exterior. Essas pessoas costumam guardar para si, mas em certo momento, algo fará o que há dentro delas explodir. Eu sei bem como é isso. Não que eu esteja dizendo que sou um ‘verdadeiro-sofredor’, é muito difícil fazer essa definição. Até porque, no geral não estou tratando sobre quem sofre mais ou sofre menos. E sim, sobre a complexidade que as pessoas aparentam ter. Ou mais que ter. Ser.


. Os ‘pseudo-complexos’ tentam ser complexos. Fazem uma ‘complexação’ do seu ser com problemas e acontecimentos. Os complexos apenas são. Eles são seres difíceis de se entender, tem visões sobre o mundo polêmicas e críticas, sofrem por essa incompreensão, suportam as mazelas que o mundo e seu destino lhes impõem. No fundo, some todos os ‘pseudos’, que não darão um ser complexo. Não que eu esteja dizendo que eu sou melhor que os outros. Ou que eu seja complexo e que você não seja complexo. É capaz que seja. Mas nem todos são. Alguns fingem ser. Apenas não tente me entender. Ou tente. É por isso que escrevo. Apenas não tente se ‘complexizar’. Seja como é que as coisas acontecerão naturalmente. Ser feliz também é legal. Falar merda, mandar piadas sem graça e rir de idiotices.


. Agradecimento especial a minha amiga, Evla, que me suscitou em uma conversa a falar sobre esse tema.


Música da Semana - Let It Be / The Beatles

Filme da Semana - Os Normais 2 / Comédia

Frase da Semana - “Muita compreensão dói. Pouca Compreensão Machuca.” / Autoria Própria

Imagem da Semana - Guernica / Pablo Picasso



. Por fim, o fim.



Introdução ao Caos.



“É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante”.

Friedrich Nietzsche


. No cotidiano, fugaz escolha – o viver – é claro, presencia-se uma realidade jamais imaginada em décadas, que outrora foram vividas por nós. Onde a decadência moral vigora e a indiferença impera, onde se encontra afogada na imensidão negra do mundo, a humanidade. Movido a isto, imaginamos o quão proveitoso seria relatar, não como espectador, mas como membro atuante da realidade, o ‘ao redor’, aquilo que nos circunda e nos modifica diariamente.


. Surge então a ideia, caoticamente sem acento, de criar um espaço para tal e quem sabe um dia alçar algo maior. Duas pessoas, apenas, duas vidas, diferentes e iguais; realidades nada parecidas que se encontram e interagem por meio de uma amizade. A história contada por dois amigos, de cada um, de dois amigos, deles mesmos.


. Não existe similaridade, possivelmente, nem na escrita – que acompanha o estado de espírito de cada um – mas será possível perceber que são diferentemente iguais... E isso assumirá em diferentes momentos de sua (e suas) vida(s), uma mensagem que se adequará a sua realidade momentânea.