quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Descaso






Considerando a originalidade humana quase nula, pegue uma escada. Coloque-a de frente para o seu armário, suba até o alto e diga o que vê. Alguns jogos de tabuleiro velhos, uma ou outra bola, uma peteca, seu pirocóptero que perdeu aos sete anos e pó, muito pó (estimo sinceramente que seja do tipo legalmente aceito, lê-se poeira). Enquanto neste momento você, ao recordar inúmeras lembranças em sua nostálgica imaginação, apresenta um rosto abobado e infantil, lembre-se, isto é o descaso.


O descaso pode ser também, imaterial, o descaso com um sentimento alheio, com o pensar do individuo social que difere do seu. A desvalorização da livre opinião do coletivo enquanto unidade, ou do ser, enquanto único; se é que me faço entender. As emoções humanas muitas vezes entram em conflito com a inteligência, o que faz com que tomemos atitudes movidas muitas vezes apenas por uma delas, visto que o ideal seria o balanceamento das duas.


Esse pequeno escrito é para apenas relatar a realidade das grandes cidades, mas principalmente, pedir desculpas pelo não só meu, mas também de meu companheiro de letras, por nosso descaso com nosso estimado Blog, de onde tiramos nosso pão de cada dia, material e intelectual, e onde conseguimos manter uma linha de comunicação direta com amigos e leitores; mais uma vez, perdoem-nos.



Post-Scriptum: Para mais um exemplo de descaso, vá a um hospital público.





Música da Semana – I Gotta Feeling (Black Eyed Peas)
Filme da Semana – “Besouro” (Gênero: Ação)
Frase da Semana – “D'abord il n'y a pas de gouvernements populaires. Gouverner, c'est mécontenter.” (Jacques Anatole François Thibault)
Imagem – Bagunça em um armário, no caso, o meu.


sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Crepúsculo - O retrato de uma juventude em declínio


. AVISO: Se você é fanaticamente cego pelo romance escrito por Stephenie Mayer, esse texto é Altamente Recomendável. Esse texto contém críticas fortes ao filme e aos seus fãs, mas o respeito pelo gosto é plenamente existente. A crítica é o ato de gostar. Gostar não tem problema nenhum. Tem gente que gosta de Pagode, não?

. Pois bem, essa semana todos os humanos normais foram pegos pelo "espetacular" lançamento do mais novo filme da série de livros sobre Vampiros que virou moda entre a juventude local, principalmente entre as meninas. Lua Nova estréia hoje nos cinemas brasileiros. Nessa sexta-feira dia 20. Uma pena não ter estreiado semana passada. Seria o melhor dia possível. A sexta-feira 13. Ou vampiros românticos não gostam de sexta-feira 13?

. O novo fenômeno cultural foi bastante parecido com os outros. Veio do nada, causou um choque, se instalou na sociedade e virou mania. Gostar de vampiros, comprar uma dentadura de vampiro e sujar a parte de baixo dos lábios com ketchup agora virou moda. E o sucesso é arrasador. Milhares de livros vendidos e salas de cinema cheias. Agora eu pergunto, por que estou falando disso?

. O que me fez despertar a vontade de escrever foi presenciar um fato alarmante ao ter uma conversa com uma boa pessoa. Ontem, ela falava sobre a estréia do novo filme da série. E falava com uma empolgação incrível. E ela deve ter mais de 25 anos. Até aí, "tudo bem". Tive misericórdia por sua alma, mas respeito o gosto das pessoas, o problema foi quando ela falou:
- Eu já comprei os ingressos pra mim e para minha filha. Acho que ela não conseguirá nem dormir direito de tanta ansiedade.

. Admito. Isso me espantou demais. Como algo produzido culturalmente pode deixar uma pobre pessoa sem dormir pela ansiedade produzida no dia que antecede sua estréia? Esse objeto produzido tem que ser algo estupendo criado por um gênio, no mínimo. E não é isso que acontece. Não, no caso de Lua Nova, ou se preferir Crepúsculo 2 - Vampiros em polvorosa.

. É evidente que histórias de seres mágicos e com poderes atrai a curiosidade do público. É fabuloso ir além de nosso pobre mundo de humanos sem poderes especiais. Não damos valor a termos braços, pernas e massa encefálica. Teríamos que pular muito alto, voar, ter super força e coisas do tipo. Pois isso é maravilhoso. Pois seríamos diferente. Seríamos Especiais. E ser especial é tudo que queremos. E todas as febres culturais se baseam nesse ingrediente especial. A arte da magia. Do mundo onde humanos não convivem apenas com humanos. E foi assim com Harry Potter. E foi assim com Senhor dos Anéis. Bruxos, elfos, orcs, magos e agora vampiros. O problema é: Onde isso tudo vai parar?

. Gnomos drogados na Suécia, talvez?

. A diferença gritante entre Crepúsculo e seus antecessores é notoriamente sua qualidade. Senhor dos Anéis é uma trilogia genial. Uma epopéia fantástica que produz uma própria mitologia que inventou o mundo dos RPGs e abalou todas as estruturas de histórias de fantasia. Por ser único. Por ser inovador. Já Harry Potter foi uma febre criada entre os jovens que em sua geração cresceram lendo uma história que ia sendo desenvolvida com o tempo. A relação idade-história é fato marcante e preponderante para o sucesso. A escrita dos livros foram evoluindo a cada um que era lançado. E seus leitores também, o que tornava sua história cada vez melhor. Cada vez mais adulta e sombria. Sem contar que seu roteiro em si é extremamente criativo, com personagens muito bem construídos. E tornou-se o que é. Agora, e o Crepúsculo?

. Crepúsculo é um mero enlatado americano que traz a soma de tudo que é pop, jogando em um liquidificador um roteiro inegavelmente romântico (o famoso bonitinho), um cenário jovem para as pessoas se identificarem e quererem estar no lugar e o mais importante... seres especiais fantasiosos que não existem, os Vampiros. Porém, não me espantaria se uma taxa das pessoas que gostam de Crepúsculo acreditem ferrenhamente na existência de vampiros como os do filme. Ah, e não esqueça do velho maniqueísmo de sempre entre o bem e o mau, fator essêncial nessa equação tão fácil de se visualizar.

. Admito que peguei o livro pra ler e também assisti o primeiro filme. Seria muito vazio e arrogante de minha parte fazer uma grande crítica sem ter fundamentos pra isso. Quem faz isso não tem a mínima noção do que é criticar. Primeiramente, o livro é um lixo. Roteiro bom. Escrita ruim. Narração fraca e nada chamativa, pelo menos pra mim. Mas é claro que o roteiro é interessante e faz as pessoas acompanharem, mas eu não consegui me prender. Não foi algo que me fez bem. Pra ler porcária, eu leio umas crônicas bastardas de política. E o filme? Bem. Eu só cito aquela cena onde o vampiro parece um carnavalesco-man todo purpurinado ao ter sua pele tocada por raios solares. Muito tosco. Porém, para muitos é bonitinho. Ok. Eu dispenso.

. O que me pergunto, é por que essa tendência em nossa juventude? Por que não se prender as fantasias delirantes de Dom Quixote e sua grande epopéia pelo amor? Por que não pegar a linda e magnânima história de O Pequeno Príncipe e se jogar em toda aquela imensidão fantasiosa envolta de pureza e amor? E isso é só pra citar os clássicos. Poderia falar de Dickens, Shakespeare, Saramago, entre outros. Eles são tão atuais. Escrevem tão bem. E de forma tão expressiva. Por quê? Por quê?

. Será que é preciso realmente pra todo sucesso novo ser algo cheio de clichês, sem nenhuma criatividade, seguindo a mesma fórmula de sempre para se criar uma febre juvenil? Eu não sei mais. Sem mais, queridos. Por hoje é só. Estou cansado. Ficam-se os questionamento.

. Por sinal, pra quem não sabe o que é, um Crepúsculo a claridade frouxa que precede a escuridão da noite ou a claridão do dia. Poeticamente, pode ser considerado como um período que precede o fim de algo, um período de declínio. E o único declínio que vejo é o de nossa juventude. Logo, por isso estamos presenciando esse Crepúsculo.

Música da Semana – Hotel California (The Eagles)
Filme da Semana – “Minhas adoráveis ex-namoradas” (Gênero: Comédia)
Frase da Semana – “É preciso cultura pra cuspir na estrutura” (Raul Seixas)
Imagem – Foto de um Crepúsculo.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Minha Cidade.






Hoje acordei sem saber o que escrever, sem inspiração. Nostalgicamente lembrei-me do quanto deixei de viver em função do medo. O medo de criar, o medo de inovar, de tocar, sentir e dizer. Querendo ou não, vivo em uma cidade medrosa que sofre do mesmo mal de seus habitantes. Turistas vem e vão, balas ficam, incrustadas no peito do Rio de Janeiro. Pense na cor preta, pense agora na morte, facilmente associadas não? Reflita que, a cor preta, o qual imaginamos como seja “a cara do pós morte” (mesmo que momentaneamente), só existe devido a consciência de estar vivo.


Uma hora, caminha-se com amigos por uma praça onde crianças brincam, seus amigos gritam, estás morto meu companheiro, seu assassino? Qualquer um. Pode ser um policial, um assaltante, o padeiro, o pipoqueiro, uma criança no escorregador ou um de seus amigos; vai saber. Em minha cidade, bandidos andam pela rua, enquanto fico encarcerado atrás das grades de minha janela.


Aconteceu, há tempos, d’eu andar pela calçada, inconsciente do perigo e, um tiro atingir a parede ao meu lado, centímetros acima da minha cabeça. Sorte? Deus? Mira ruim? Prefiro ficar com os três, nesta terra de belezas e armas incomparáveis, é melhor todas as opções. Temos aqui, uma Faixa de Gaza, quem disse que é exclusividade do Oriente Médio?


Alguns leitores, agora, estão se identificando, outros, tendo pena e alguns jamais virão aqui. Afirmo com embasamento e orgulho, minha cidade é tudo isso, porém, não a troco por nada. Com suas praias, suas montanhas, seu povo e seu céu –ao que penso ser único no planeta- o Rio de Janeiro, desculpem-me o clichê, continua e continuará lindo; independentemente do que façam com ele.




Música da Semana –Templars (Ancient Rites)
Filme da Semana – “Cruzadas” (Gênero: Aventura)
Frase da Semana – “Das Leben ist wie ein Fahrrad. Man muß sich vorwärts bewegen, um das Gleichgewicht nicht zu verlieren.” (Albert Einstein)
Imagem – Rio de Janeiro – Cristo Redentor





Obrigado ao meu amigo Jacques, pela ajuda de Sábado.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A cidade apagou.



"A luz se foi e agora nada mais resta a não ser esperar por um novo sol, um novo tempo, nascido do mistério do tempo e do amor do homem pela luz".
Gore Vidal

. A cidade apagou. E não foi só aqui. Foi aí. Foi lá. Foi acolá. E não sei onde mais. Apenas apagou. Do nada. Apagou. A luz se foi. E tudo que estava iluminado não estava mais. Apagou. Assim. Sem mais nem menos. Com explicações plausíveis. Mas na hora ninguém entendeu. E até agora muita gente também não. Apagou. Foi piscando, piscando e piscando.... até que ficou bem fraca... e apagou.

. O que você estava fazendo? Era importante? Apagou. E como você ficou? Apagou também. E as memórias do momento, apagaram? Deixa pra lá, chega de questionamentos. Apagou e só. Não precisa ficar pensando e se explicando. Apagou ontem. Vai apagar amanhã? Não sei. E agora? Agora agora? Ou estou questionando se vai apagar amanhã e o que iremos fazer caso isso aconteça? Não sei. Apague isso também.

. No apagão ficaram beijos. E transas inesquecíveis. Aquela escondidinha, pros pais não verem. Mas a luz acabou. E a mãe veio com a vela ajudar o casal em pleno ato. No apagão ficaram choros. Choros tristes, de felicidade, infantis e tão adultos. Choramos pela morte. Choramos pela vida. Choramos pelo apagar. E choramos quando a luz voltou. Ou apenas dormimos. Não choramos, nem sorrimos. Foi e nem percebemos. Que idiotice. Ficar falando sobre o apagão. Mas afinal, onde você estava? Você. Você meu amor. Eu não consigo mais te achar. Te perdi em um apagão. Um apagão que veio muito antes desse apagão. Um apagão que te levou embora. E na escuridão de minha própria confusão, eu te perdi e a luz nunca mais voltou.

. E nada mais fez sentido. Dançar na escuridão, tocar o chão e sentir o infinito bailar por entre nossos dedos, cantar em sombras aconchegantes, brincar de fechar os olhos e ver nada mais do que já víamos com os olhos abertos. Foi assim. E pra sempre se foi um momento que nunca mais acenderá em nossas vidas. Quem riu, riu. Quem brigou, brigou. Quem não fez nada, só lamento.

. Deixa pra lá. As luzes voltaram. Estava calor. Pude ligar o ventilador. Achei interessante tomar banho a luz de velas. Meu corpo não é tão feio assim nas sombras. Pra falar a verdade, eu nem me lembro do apagão. Apaguei. Desde quando te perdi. E nada mais faz sentido.

. Não se percam. Apagões acontecem. Na vida e no amor. Mais aqueles que são de amor, nenhuma usina hidroelétrica, atômica, simbiótica ultra fodônica poderá trazer a luz de volta. Cuide-se. Dê a mão ao seu amor na escuridão. Diga com toda paixão que nunca irá abandoná-lo. Que sua voz seja o conforto e suas palavras os feixes de luz que rasgam a escuridão. Beije. E transforme trevas em esplendor.

Texto escrito ao longo de uma conversa com minha amiga Debbie. Obrigado pela companhia e inspiração, querida.


Música da Semana – You see me Crying (Aerosmith)
Filme da Semana – “Tartarugas podem voar” (Gênero: Drama)
Frase da Semana – "Duvidem de tudo. Encontrem sua própria luz." (Buda)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Individualismo







O que faz o ser, enquanto pensante, ser individualista? É errado pensar em si próprio antes de cogitar refletir sobre o coletivo? E incidir sobre o coletivo? A resposta não poderia ser outra, não. É instintivo de todos os animais a sobrevivência, não podendo ser diferente com o homem, temos o instinto de sobreviver, o individualismo no caráter mais puro da palavra.


É fato que egoísmo e individualismo em sua unidade primária de sentido são diferenciadas facilmente. Podemos dizer até que o pensar individual antes do social move o mundo; de que forma? Consideremos a sociedade apenas com seu bloco econômico maior, o Capitalismo. Eu, assalariado de baixa posição hierárquica na minha fictícia empresa, trabalho pensando unicamente em meu bem-estar, no máximo o da minha família básica. Não me importando para o futuro do meu chefe. Pois bem, assim como “eu”, existem milhares de pessoas fazendo o mesmo, os quais, felizes ou não geram o sustento de seus chefes, movem o mercado financeiro e produzem bens e serviços para o mercado direto; tudo por que pensam apenas em si.


O ser humano, enquanto inserido em sociedade, abre mão de certa parte de seu individualismo, até por que necessita do coletivismo do outro e, também, de resquícios do que podemos de chamar “individualismo coletivo”; para assim ter os meios de se aproximar do viver e se afastar do sobreviver. Penso eu, então, que o social e o coletivo, nada mais são do que uma complexa ramificação do individualismo, ou mais precisamente uma ramificação de diversos individualismos; entrelaçados numa cadeia quase irracional, tão irracional que chega até fazer sentido.


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Desculpem minha ausência ontem, porém o apagão me impediu de escrever. Ainda acho que Mãe Dináh acerta mais do que as previsões dadas pelo Ministro de Minas e Energia e o Diretor da ONS


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Música da Semana – In The Shadows (The Rasmus)
Filme da Semana – “Uma Mente Brilhante” (Gênero: Drama biográfico)
Frase da Semana – “Quanto aos homens, não é o que eles são que me interessa, mas o que eles podem se tornar.” (Jean-Paul Sartre)
Imagem – O Homem Vitruviano (Leonardo Da Vinci)


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

M.A



. Bem, meus queridos leitores. Nossa, eu falo como se fossem muitos. Continuando, eu queria pedir desculpas por não ter postado nada ontem. Eu até estava criando uma postagem durante a semana, mas algo aconteceu e eu fiquei impossibilitado de escrever qualquer coisa pro Blog.

. A verdade é que fui comemorar o aniversário de um amigo na Lapa. Rio de Janeiro 40°C, sol maldito na cabeça, inferno-espeto-quente. E tenho que admitir, foi uma das melhores saídas da minha vida.

Quem no dia que está fazendo 18 anos é barrado em um Bar por estar fazendo 18 anos? Essa é uma boa pergunta. Mas meu amigo que fez aniversário está com essa pergunta na cabeça até agora. E todos que foram com ele também estão. Os menores não seriam barrados, mas justamente ele que estava fazendo 18 foi barrado. Enfim, foda-se. O garçom foi muito babaca. Exclusivo daquele. A maioria são gente fina.

. Mas não mudou muito o destino da comemoração. Fomos pro Sinuca da Lapa, jogamos muito sinuca, na verdade eu nem tanto, estava um lixo de bêbado já na hora que chegou a vez da minha dupla e não encaçapei nada. Ainda bem que meu companheiro de jogo era compreensivo e sabia jogar, pois se fosse depender de mim, o resultado seria desastroso. Foda-se de novo.

. Bebemos e depois fomos pra outro bar, pra ficarmos em uma mesa e conversarmos. Não vou ficar falando tudo que fizemos. Só sei que foi muito bom. Cerveja, santo remédio, estou quase curado da gripe que peguei esses dias.

. Destaques para a Jukebox que estava tocando muito pagode, mas quando a galera botava as musicas, sempre saia algo foda. De Skid Row, Frejat até Kiss. O resto nem lembro mais.

. Parabéns Frederico, Oswaldo Aranha ou simplesmente Marco. Você é fodão. 18 and Life you got it. E só pra não me esquecer. Viva a Revolução Russa. Ou não. Foda-se a revolução russa.

. Acima, um texto que abordará um assunto sério. Esse é só um pedido de desculpas com explicações.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ex-tresse Ex-ato



“A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.”
Confúcio

.Sabe, eu fiquei me perguntando se realmente deveria perder o meu tempo falando sobre esse assunto, que é muito batido e que incomoda a maioria das pessoas. A verdade é que há um tempo eu lera um texto genial de um blog - esses bloggers! - que representava tudo que uma pessoa poderia dizer sobre o fim de um relacionamento, sua derrocada, a superação e o posterior esquecimento. “Ex-problema, ex-crotice, ex-coliose mental” é o nome do texto, proveniente do Blog Controle Remoto. Percebam que até o título da postagem é uma referência. Nada mais justo: são ótimos os trocadilhos que podemos fazer com o prefixo ‘Ex’. Pelo menos pra isso eles(as) servem. Trocadilhos.


.Há um tempo que a máxima:
- Ex é uma merda;
não sai da minha cabeça. É incrível o poder dessas pessoas em te jogar pra baixo, te fazer mal e tudo isso só com lembranças. A pessoa vai embora, a história acaba, ficam os momentos bons, ficam os momentos ruins e você. E você, após tudo, é apenas um pequeno hamster solto em uma floresta selvagem. Foram-se 2 anos e 3 meses ao lado de uma pessoa que posso afirmar com toda certeza que eu amei. Por aí, dizem que o amor é eterno. Eu fico cismado com essa afirmação tão incomodante. Acabou. A relação não será pra sempre. Mas o amor que foi criado naquele período e perdurou por dias depois, serão eternos e tudo aquilo de bom será lembrado. Mas e agora, pequeno hamster?

.Terminar e cair na floresta é um processo difícil. É um processo de fortalecimento do ser. De recomeçar a jornada, só que agora sozinho. Namorar é ótimo, pois você deita a cabeça no travesseiro sabendo que alguém te ama e se preocupa com você. Agora não, agora você está sozinho, deitado sabe lá onde, com a cabeça sabe lá em que. Você tem que continuar em frente. E foda-se se deitar com a cabeça no travesseiro era mais confortável. Obviamente você terá recaídas, acordará na noite com toda vontade do mundo de ligar pra ela (ou ele) e implorará pra essa pessoa voltar pra você.

.Você não irá dormir. Aquela música que vocês sempre ouviam juntos irá rasgar seu coração. Arrumando seu quarto achará uma carta dela pra você e não resistirá acabará lendo. Então irá buscar todos os presentes que recebeu e ficará admirando. E pensará em como foi bom aquele tempo. E é nesse momento que os fracos se diferenciarão dos fortes. Após tudo isso você tem dois caminhos.

- Sorrir, levantar e dizer: Eu sei viver sem você em alto e bom tom; ou

- Abaixar a cabeça e ficará lamentando como um bom perdedor.


.Sofrer, sorrir, gritar, espernear, chamá-la de filha da puta fará parte do processo. Bebedeiras, encher a cara de chocolate, bater a cabeça na mesa, escrever poesias também. Admito que até hoje escrevo pra ela, me alternando entre coisas bonitas e fúteis com xingamentos poéticos. Seria muito mais fácil ligar uma máquina que apagasse todas as lembranças e deixasse você apenas com as coisas boas. Mas o mundo não é fácil e ninguém disse que seria. Temos que sofrer para aprender sozinhos e lidar com todos aspectos provenientes de uma ex-relação.


.Como é dito por meu companheiro blogueiro: “Os mais fracos, imediatamente encontram amores tapa-buraco, fingem ter superado, até mesmo acreditam, mas entram em prantos à sombra de qualquer lembrança e torcem para nunca encontrar o outro na rua”'. Por sinal, eu adoro essa definição de tapa buraco.


.Não seja assim. Sofra. Muito. Por muito tempo. O suficiente. Não brinquem com sua felicidade nem com seus sentimentos. Busquem o amor verdadeiro. Amem a si próprios antes de amar o próximo. Todos merecem ser felizes. Sem ser assombrados por fantasmas do passado.


.Hoje posso dizer que estou recuperado. Apesar de ter ficado mais de 1 ano nessa batalha contra um fantasma que ficou vivo na minha mente por tempos. Ela ainda aparece em meus sonhos e seu nome em espaços abstratos no meu dia-a-dia, mas eu não me abalo mais. Pois passou. Foi furacão, hoje é brisa passageira.


.Você pensa que viveu o maior amor de sua vida e que nunca se reencontrará. Passará por caminhos tortuosos, irá sofrer, fará besteiras mas no momento certo irá encontrar algo que abalará todas suas estruturas e perceberá que aquele primeiro nem era tudo aquilo que imaginava. Não se contento com pouco, não seja um fraco para não correr um perigo de casar-se com um reles tapa-buraco. Tenha esperança. Você pode. Você deve superar. Você é maior que isso.


Música da Semana - Sete Cidades (Legião Urbana)

Filme da Semana - Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança (Gênero: Drama)

Frase da Semana - "Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo". (Pitágoras)



quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Injustiça




. Injustiça, a injustiça é a mais antiga forma de justiça que se tem notícia, e isso é um fato. O homem corrobora seu quadro de defeitos com a imposição de seu julgamento por ele dito como correto. Nós enquanto seres pensantes, ao apurar os fatos, devemos ter para nós que independentemente de nosso julgamento não necessariamente estamos corretos; mesmo.

. Uma grande exemplificação disso é a Pena Máxima, consideremos um assassino; presente agora no Corredor mais angustiante de sua vida, a Justiça determinou sua execução. Ora pois, a Justiça determina que qualquer um de nós, com tendências assassinas ou não, não “pode” matar, por que então, posso ser morto pela mesma Justiça que determina isso?

. Escuto desde pequeno que o exemplo é a maior arma educacional, tanto preventiva quanto corretiva. Tendo como base os exemplos que temos hoje, como os mártires do Mensalão, da Máfia das Sanguessugas, dos Atos Secretos, a Família Nardoni, do abatimento do Águia e da estatização do trafico de drogas, como fonte de renda “indireta” de muitos governantes. A injeção letal me aguarda.





Música da Semana – Cocaine (Eric Clapton)
Filme da Semana – Eu, Cristiane F - 13 Anos, Drogada e Prostituída (Gênero: Drama)
Frase da Semana – “Não merece o doce quem não experimentou o amargo.” (Erasmo de Rotterdam)
Imagem – Estátua – Justiça (Vila de Berna)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A ampulheta



"Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a Lei."
Allan Kardec

. Estar trabalhando (leia-se estagiando) em um hospital é uma experiência muito valiosa, ainda mais para quem deseja seguir nessa área. É absurdamente cansativa a rotina que assumo nesses dias, piores quando estão chuvosos provocando um trânsito mais absurdo ainda. Porém, não consigo negar a apariçao de uma felicidade atípica com essa experiência, que tem se mostrado a cada dia mais importante na minha vida, tanto acadêmica-profissional como humana.

. O dia-a-dia de um local como o HC I (Hospital do Câncer) que fica localizado na Praça da Cruz Vermelha é algo grandioso. E olha que comento apenas por minha visão. Aposto que relatos diversos diriam o mesmo. O problema é: em que sentido estou empregando a palavra 'grandioso'?

. Eu uso o grandioso no que digo no mesmo sentido que usaria dizendo: "A vida é grandiosa". Grandiosa, por quê? Por suas múltiplas facetas, infitinas possibilidades, acontecimentos inconstantes, aspirações efêmeras, batimentos cardíacos desconcertantes. E a vida é isso... e muito mais. E ela nos proporciona diversos momentos. Bons e ruins. E ontem, na grandiosa vida de um hospital, eu caí. Saí do corpo por um momento, pra me levar em um refúgio de pensamentos, que me desse alguma resposta, que me tirasse aquela angústia provocada.

. Vou explicar. A chefe do departamento que eu estou(hematologia), chamou-me e chamou um amigo que está estagiando comigo para olhar uma lâmina de um paciente, para observarmos as células brancas presentes (espero que não tenham faltado a essa aula de biologia). Quando olhei, enxerguei um alto número de blastos leucêmicos, configurando que naquela lâmina de um indíviduo que estava vendo, um paciente de leucemia. Até aí, "tudo bem". Já tinha visto lâminas desse tipo, o que me jogou pra fora da órbita, foi o seguinte. Aquele paciente não estava mais no hospital. Ela (era uma mulher) estava em casa. O médico tinha dado "alta" pra ele. Pois não tinha mais o que fazer. Acabou. Não dava pra curar a leucemia daquela pessoa. "Volte para casa, minha filha, você irá morrer..."

. Eu não conseguia entender. À partir daquele momento, eu já não era mais o garoto sorridente que fazia piada com tudo no setor. Eu fiquei perplexo. O fim. Assim. Eu não sei o nome dela. Não sei onde mora. De onde veio. Mas sei para onde vai e torço que seja para um lugar melhor. Talvez ela tenha dois meses ainda. Duas semanas. Dois dias. Duas horas. Dois segundos... acabou. Talvez ela tenha morrido hoje. Quem sabe? E agora? Como deve ser? E viver com um prazo à expirar? Isso é vida?

. É fato primordial que a cada segundo que se passa, estamos nos aproximamos de nosso momento final. Mas a nossa concepção de vida é futurista. É difícil colocarmos em pauta a filosofia Carpe Diem e aproveitar o máximo de cada dia como se fosse o último, pois no fundo, algo em nós diz que aquele não é o último. Mas poderia ser, não pode? Quem sabe? Em nosso novo mundo, até respirar é perigoso. Saímos de casa sem saber se vamos voltar. Mas no fundo, achamos que vamos e tudo continuará bem. Pois domingo que vem tem festa de fulana e eu preciso arranjar uma roupa legal pra ir. Mas ninguém nunca joga a opção de morrer até lá. E vive do mesmo modo "normal", pois é "normal" pensar que o sentido da vida é viver, crescer, envelhecer e morrer. Mas o mundo produz rupturas. A vida e o destino produzem cortes nessa ordem lógica, que podem acontecer a qualquer instante. E ela? Será que ainda está viva? O tempo pra ela nunca foi tão precioso. O que ela deve estar fazendo? Será que tem filhos? Eles irão chorar. Ela irá chorar. Todos iremos um dia, quando um ente querido partir e quando nós partirmos.

. Me desculpem, mas esse não é mais um texto que futilmente questiona: O que você faria se morresse amanha?

. Esse é um texto que questiona: O que você NÃO fará caso morra amanhã? Entende a diferença. O que perderemos se a foice do vazio cortar nossa linha de vida? Nossos planos futuros serão todos perdidos. Não iremos na festa da fulana. Não receberemos nosso diploma Não teremos filhos. Não diremos: "Eu aceito". E eu não continuarei a escrever e você, provavelmente ler...

. A ampulheta da vida está virada. Os grãos estão caindo. Eles não são infinitos. Porém, não se esqueça. A qualquer momento a ampulheta pode ser quebrada.

Dedico esse texto à uma desconhecida que pode nunca vir a saber, mas marcará minha vida para todo o sempre. Obrigado.

Música da Semana - The End (The Doors / The Beatles)
Filme da Semana - À espera de um milagre (Drama)
Frase da Semana - "Você não pode escolher como vai morrer ou quando, você só pode decidir como vai viver agora". (Joan Baez)
Imagem - Uma ampulheta.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Atraso.




. Ah, o atraso... O pecado dos atarefados, dos sem tempo, ausência de tempo para ter tempo; atrasado! Algo que nenhum responsável terá o prazer de viver. Um algo descomprometido de compromisso, volátil, inconstante, engraçado e às vezes ameaçador. Emocionante fato na vida daquele que vive para viver, jamais o chame de desapegado! Pelo contrário, de tão apegado e metódico, aproveita, usufrui e analisa todos os trejeitos do existir, individual e coletivo.


. Já dizia Platão: “Os legais, nunca chegam no início da festa”. O sabor de estar atrasado e a adrenalina do atraso é sem igual. Quando o atraso é intencional então, único! Quem nunca o fez para ver se sentiam sua falta? Para ver se notavam sua ausência? Ora pois, todos já o fizeram ao menos uma vez! É valorizar a si mesmo, saber a quantas anda sua pessoa.


. Confesso, há horas em que um atraso é inadmissível... E horas, em que é salvador. Exemplificando: ontem mesmo, às três da madrugada, o meu vizinho já idoso caiu de sua cadeira de rodas enquanto todos dormiam – sim, o que ele fazia na rua àquela hora? Talvez seja melhor não saber – fui ao resgate do mesmo; inadmissível um atraso! Exemplificando a outra situação: honrando o nome de nosso querido Blog, quem nunca foi salvo de um sinistro por estar atrasado?


. Bom, o tom diferenciado do texto, é quase um pedido de desculpas pelo atraso. Sabem como é, vida atarefada...Não ocorrerá novamente, promessa. De fato, tira-se até conclusões proveitosas desse pequeno monte de letras. Novamente, perdão – mas nunca me deixem esperando, detesto isso!


Música da Semana - Jesu Joy of Man's Desiring (Celtic Woman)

Filme da SemanaEternal Sunshine of the Spotless Mind (Gênero: Drama/Romance/Ficção Científica)
Frase da Semana – “Se não te lembram as menores tolices que o amor te levou a fazer, é que jamais amaste” [ Como gostais (1599-1600), Ato I – Cena IV -: Silvio ; William Shakespeare)

Imagem - A persistência da memória (Salvador Dali)



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Depois da Meia-Noite




I - Hoje

Andando por entre os pingos de chuva
Sozinho, porém acompanhado com o choro dos céus.
Nada parece tão desafiador
Quando o desafio é continuar a respirar
Debaixo dos panos pesados da vida

O silêncio que toma conta de mim,
Me transforma em uma sinfonia muda,
Composta pelo maestro do vazio,
Com acordes de angústia,
À espera do ato final.

É tão difícil temer algo que é inevitável.
Antes temêssemos coisas que nunca iremos enfrentar.
Mas da morte ninguém escapa,
Uma hora ela vai chegar.
Ninguém está totalmente preparado.
Ninguém estará plenamente satisfeito.
E agora? Se for agora?
Aquele beijo que só ficou nos pensamentos
E agora se encontra na mente que não mais pensa.

Nosso amor será para sempre infinito
Preso naquele tempo que se foi.
E quem ninguém duvide disso.
Nem eu. Nem você.
Só que agora eu busco outra história.
Outro infinito.
Outro veneno mortal.
Que me remedeie dessa dor.
Outra história sem final.
Outro conto de amor.



II - Você

Você,
Tão pequena que diz que não conhece o amor.
Você,
Tão esperançosa à espera do antigo amor.
Você,
Tão rígida, a história te trouxe dor.
Você,
Está comigo, seja aonde for.
Você, meu amigo,
Que os espíritos te conduzam a luz
Você, minha linda,
Nossa história está por acabar,
Você, indeciso,
Enfrente o monstro que te seduz,
Você, desconhecida,
Traga-me de volta a vontade de amar.

III – Das canções.

Agora cantam canções românticas
Eu não me vejo com ninguém.
As palavras perderam as semânticas.
Estamos esperando por alguém.

Que nos complete.
Que diga bom dia com paixão.
Que nos reflete.
Trazendo a luz pra escuridão.
Eu confio em você,
Estenderei aqui, a minha mão.
Você confia em mim?
Só existe uma opção.

Escrever por escrever.
Sem ter qualquer razão.
Vivem sem por querer
No meio dessa solidão.


IV – Erro

Amar é erro.
Mas não custa nada errar.
Amar é enfermo.
Vale a pena arriscar.
Amar é medo.
Não sei mais se quero tentar.
Não se apaixone por mim.
Pois é como um enterro.
Deixe que eu me apaixone por você.
Pois sei que amar é erro.

V - O que eu queria dizer

O que eu queria dizer
Mas não consegui tentar falar
Pois as palavras ficaram no labirinto da vergonha
É que não consigo te olhar
Sem querer te desejar.

O que eu queria dizer
Na verdade é um pedir
Talvez um suplicar
Que antes de eu partir
O poder de te beijar.

O que eu queria dizer,
Mas com palavras não consigo,
E nunca conseguirei,
É que estou hoje aqui,
E para sempre estarei.

O que eu queria dizer,
Pode ser muita bobeira,
Uma coisa de menino,
De menino apaixonado,
Que só fica feliz quando fica ao seu lado.

O que eu queria dizer,
É simples e mundano.
Todo mundo diz uma vez,
Mas só digo pra você,
E eu digo que te amo.

Obs: Poesias feitas durante a semana dedicadas a Amanda, Wlad, Tri, Karen, Cacal, Lary e Lara.

Música da Semana - Monstro Invisível (O Rappa)
Filme da Semana - Laranja Mecânica (Gênero: Drama/Ficção Científica)
Frase da Semana - "O amor não é uma fórmula e sim uma equação de inúmeras variáveis" (Gérson M.)
Imagem - A noite estrelada (Van Gogh)

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A Força da Fraqueza


"A maior fraqueza do homem é poder tão pouco por aqueles que ama."

Blaise Pascal



. Admito que demorei para começar a escrever sobre o que quero falar. Não sei, exatamente, se conseguirei ser totalmente claro, talvez por tratar de algo que está além de minhas capacidades cognitivas. Mas ao deitar em minha cama, após um dia cansativo de estudo, a fraqueza me bateu; como aspecto e como temática para abordar. Falarei dessa fraqueza cotidiana que nos assola, ou melhor, que insiste em nos assolar. Citações serão feitas, analogias serão usadas e ao final de tudo, a fraqueza será estripada (ou não).

. A vida e seus frutos apodrecidos diários nos oferecem problemas e situações. Saber como lidar com os casos e acasos já deixou de ser uma opção, muito menos recorrerei ao velho clichê de dizer que é uma necessidade. O que quero dizer é que esses enfrentamentos são nada mais do que algo imposto; ato outorgadamente obrigatório. Não existe mais a opção de pular e seguir em frente. É enfrentar. E enfrentar ocasiona em dois simples caminhos: apanhar ou bater. Simples até demais. Salve os casos que dá para apanhar e bater, na maioria das vezes, mais apanhar do que bater.


. Por definição, a fraqueza é a perda de força; falta de solidez; fragilidade. Rousseau ao falar sobre, diz: "Todo o mal vem da fraqueza." Ninguém é fraco por escolha. Não somos deuses ou protótipos de super-humanos para lidar com todas as problemáticas periódicas com racionalidade e extrema eficiência. Infelizmente, a fraqueza não é como rio corrente que nos carrega, com suas margens que o limita e censura. Fraqueza é onda forte, é ‘tsunami’ que, não contente em te machucar ao te encontrar, deixa rastros de destruição e tristeza por onde passa. Levantar diante dos escombros do temor, sobre tijolos de covardia é algo opcional. Respirar por debaixo dos destroços, acorrentado a dor ou se desvencilhar das dores e tentar seguir em frente?

. Todos carregamos uma força inimaginável dentro de si. Não se sabe onde, não se sabe como. E é essa vela de força que devemos acender, quando estivermos nas sombras da fraqueza. “Tira força de tua fraqueza”, assim disse Cervantes, escritor de Dom Quixote De la Mancha, clássico da literatura mundial. É visível que nem sempre a fraqueza que se sente quer dizer que a gente não é forte.

. A força da fraqueza está onde não conhecemos. Por isso precisamos estar preparados muito bem para o desconhecido, para não deixar as estruturas do prédio da vida se abalarem com o terremoto dos maus momentos. É fácil ser fraco, pois a fraqueza é muito mais forte do que a força. Porém, tudo pode mudar. Basta enfrentarmos os demônios presentes em nossa mente.


Música da SemanaDuel with the Devil (Transatlantic)

Filme da SemanaO Ensaio sobre a Cegueira (Gênero: Drama/Suspense )

Frase da Semana"A Força não vem da capacidade física, ela vem de uma vontade inabalável." (Mahatma Gandhi)

Imagem da SemanaPortrait of Dr. Gachet (Van Gogh)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Autorretrato




. Por dias pensei o que escrever. Também, com um texto tão intimidador em seu tamanho como o anterior... Por que será que ligamos tanto para a opinião alheia? Ligamos se estamos acima do peso, ligamos se estamos abaixo dele. Se temos uma mania, se não temos uma mania – que ser é esse que não tem? Viram? – então, além de dissertar sobre tal, me prenderei à proposta inicial do blog; retratar o cotidiano vivido.


. O homem é um ser social, logo, daqueles atrelados à imagem que fazem dele, um exemplo contemporâneo: quem evita tossir em meios comuns para não ser espancado com olhares maldosos? Eu evito, paranóia maior seria julgar alguém de tal forma...Deus eu sou alérgico!


. O homem enquanto inserido em sociedade, preza em sua maioria pelo material, onde o ter é mais importante do que o ser; afinal para que ter boa índole se eu não ando de Mercedes? E dizer isso, para mim, é uma hipocrisia ímpar, afinal sou um ser social e material, se não o fosse, talvez jamais leriam esse amontoado de ideias sobrepostas.


. A preocupação humana com a imagem remete à invenção da moral. Não se encaixar nas regras básicas que regem a sociedade é não ser aceito como comum, e bom, ser segregado e excluído do meio; não agrada. Com isso tem-se a procura incessante pela aceitabilidade de todos, que nada mais são do que iguais a você, em tese.


. O mais intrigante é que ser igual não basta, o homem, ser em constante evolução, procura ser maior...Superior. Essa hierarquia social existente, dividida por cientistas sociais em vários fragmentos, na realidade só obedece a dois grupos que a compõe; os notórios e os indigentes. Queremos estar entre os notórios, sempre! Para tal, preciso daquele cabelo, que me fará perder horas do dia no salão; preciso daquele tênis, que eu, mero mortal, pagarei em doze prestações; preciso daquele óculos de sol, mesmo estando no inverno; e preciso daquela roupa, aquela mesmo que paga um dólar a hora para as crianças mexicanas.


. Um fato é, a imagem é mutável, construímos quem somos e quem vamos ser. A mente é facilmente manipulada para qualquer direção. A construção tanto quanto a desconstrução da pessoa, é de uma simplicidade incomensurável; basta querer. Outro fato, a adaptabilidade humana é incrível, temos a exímia capacidade de nos adaptarmos ao meio em que nos encontramos mergulhados. E com isso, podemos dizer que somos continuamente influenciados por ele, sendo assim, mudamos constantemente de acordo com a velocidade que os outros, que nos cercam, mudam. A questão é, você quer mudar o outro, ou sempre seguí-lo?


. Meus agradecimentos a minha grande amiga Clau.


Música da Semana Wish You Were Here (Pink Floyd)

Filme da Semana – Os Intocáveis (Gênero: Policial)

Frase da Semana – “Até agora os filósofos se preocuparam em interpretar o mundo de várias formas. O que importa é transformá-lo”. (Karl Marx)

Imagem da Semana Prise de la Bastille / Jean-Pierre

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A 'Complexação' do Ser

Hoje em dia, o normal não quer mais ser normal, e ser diferente é o que é mais interessante. Parece que as pessoas não aceitam suas vidas boas e felizes e na tentativa de um “upgrade” no olhar de fora, acabam criando monstros e vilões que circundam suas vidas, apenas para poder dizer:

- Eu tenho problemas.

Em um ato desesperado, que na verdade só quer dizer:

- Por favor, me vejam!

O famoso ‘fazer merda para mamãe ver’ de quando éramos crianças, agora se tornou um estado de criar complicações psicológicas para chamar a atenção de quem está de volta. Mas é claro que ainda existem crianças em corpos adolescentes que usam o ‘fazer merda para mamãe ver’, mas sobre esses seres, não irei comentar. Lugar de criança é na creche. E creche não tem internet. Logo, não lerão o que estou dizendo.


. Voltando ao objeto principal do que digo, estou falando que parece que virou moda ser problemático e anormal. Se esconder nos cantos, se fazer de triste, soltar umas reclamações acerca da vida e contar acontecimentos, sempre jogando tudo nas piores palavras, provocando o maior ‘coitadismo’ possível.


. É meio difícil falar do que é sofrimento sem conhecê-lo de verdade. E isso é uma lei geral. Não podemos falar com autoridade sobre uma coisa sem conhecê-la. Um caso bem comum é a questão de separação dos pais. É claro que é uma situação dificílima de lidar, eu sei muito bem como é que é. Mas lidar com isso e achar que é o fim do mundo é um ato ‘coitadista’ incrível. Não quero ser insensível. Mas tem gente que lida como se tivesse alguém apontando com uma arma em sua cabeça, mal sabendo que existem pessoas que lidam com isso, desde que se conhecem como gente e não tinham maturidade pra lidar com isso. Agora, adolescentes, futuro adultos, lidam com a separação da pior forma possível. E as crianças que lidam com isso? Será que não sofrem/sofreram? Será que sofrem menos que vocês, que reclamam de tudo? Eu sei bem o que é isso. Sei o quanto é uma situação ruim. E pior que lido com um caso super atípico de separação. Mas nem por isso sou o ‘mega-sofredor’. É óbvio que se tivesse uma família boa e não tivesse vivenciado algumas situações, teria sofrido bem menos e não teria passado por diversos problemas, mas por outro lado não seria forte como sou hoje e provavelmente não estaria escrevendo aqui. Essa é a pura verdade. Eu superei. Mesmo que desde que me conheço como gente, tenha vivenciado e assistido brigas de camarote e sem qualquer noção sobre o que se passava. Era um estado de não-entender misturado com a perca de minha ingenuidade precoce. Pois acordar com gritos e pancadas não é bom. Seja para crianças ou para adultos.


. E olha que esse é um caso específico. Existem outros. Como a perca do pai e mãe em acidentes, doenças graves na família, etc, etc, etc. Como essas pessoas devem lidar com isso? Mas tem gente que por simples problemas, se fazem de modo abusivo, para ganhar IBOPE cotidiano e assim satisfazer seu ego carente.


. Fato que se as pessoas fossem o que realmente são as coisas seriam muito mais fáceis. Se elas se aceitassem como são e tratassem seus problemas com maturidade, seria fácil reconhecer o que é verdadeiro e falso, certo ou errado, bom ou ruim. Mas parece que é moda ser deprimido. O bom é ser deprimido. Ser feliz não chama atenção.


. Porém, não podemos nos esquecer dos verdadeiros ‘sofredores’. E esses que têm problemas de verdade? Como saberemos distinguir dos ‘pseudo-complexados’? Fato que ao nosso lado existem ótimas pessoas que podem sofrer demais por dentro e não demonstrar isso para o exterior. Essas pessoas costumam guardar para si, mas em certo momento, algo fará o que há dentro delas explodir. Eu sei bem como é isso. Não que eu esteja dizendo que sou um ‘verdadeiro-sofredor’, é muito difícil fazer essa definição. Até porque, no geral não estou tratando sobre quem sofre mais ou sofre menos. E sim, sobre a complexidade que as pessoas aparentam ter. Ou mais que ter. Ser.


. Os ‘pseudo-complexos’ tentam ser complexos. Fazem uma ‘complexação’ do seu ser com problemas e acontecimentos. Os complexos apenas são. Eles são seres difíceis de se entender, tem visões sobre o mundo polêmicas e críticas, sofrem por essa incompreensão, suportam as mazelas que o mundo e seu destino lhes impõem. No fundo, some todos os ‘pseudos’, que não darão um ser complexo. Não que eu esteja dizendo que eu sou melhor que os outros. Ou que eu seja complexo e que você não seja complexo. É capaz que seja. Mas nem todos são. Alguns fingem ser. Apenas não tente me entender. Ou tente. É por isso que escrevo. Apenas não tente se ‘complexizar’. Seja como é que as coisas acontecerão naturalmente. Ser feliz também é legal. Falar merda, mandar piadas sem graça e rir de idiotices.


. Agradecimento especial a minha amiga, Evla, que me suscitou em uma conversa a falar sobre esse tema.


Música da Semana - Let It Be / The Beatles

Filme da Semana - Os Normais 2 / Comédia

Frase da Semana - “Muita compreensão dói. Pouca Compreensão Machuca.” / Autoria Própria

Imagem da Semana - Guernica / Pablo Picasso



. Por fim, o fim.