quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Ex-tresse Ex-ato



“A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda.”
Confúcio

.Sabe, eu fiquei me perguntando se realmente deveria perder o meu tempo falando sobre esse assunto, que é muito batido e que incomoda a maioria das pessoas. A verdade é que há um tempo eu lera um texto genial de um blog - esses bloggers! - que representava tudo que uma pessoa poderia dizer sobre o fim de um relacionamento, sua derrocada, a superação e o posterior esquecimento. “Ex-problema, ex-crotice, ex-coliose mental” é o nome do texto, proveniente do Blog Controle Remoto. Percebam que até o título da postagem é uma referência. Nada mais justo: são ótimos os trocadilhos que podemos fazer com o prefixo ‘Ex’. Pelo menos pra isso eles(as) servem. Trocadilhos.


.Há um tempo que a máxima:
- Ex é uma merda;
não sai da minha cabeça. É incrível o poder dessas pessoas em te jogar pra baixo, te fazer mal e tudo isso só com lembranças. A pessoa vai embora, a história acaba, ficam os momentos bons, ficam os momentos ruins e você. E você, após tudo, é apenas um pequeno hamster solto em uma floresta selvagem. Foram-se 2 anos e 3 meses ao lado de uma pessoa que posso afirmar com toda certeza que eu amei. Por aí, dizem que o amor é eterno. Eu fico cismado com essa afirmação tão incomodante. Acabou. A relação não será pra sempre. Mas o amor que foi criado naquele período e perdurou por dias depois, serão eternos e tudo aquilo de bom será lembrado. Mas e agora, pequeno hamster?

.Terminar e cair na floresta é um processo difícil. É um processo de fortalecimento do ser. De recomeçar a jornada, só que agora sozinho. Namorar é ótimo, pois você deita a cabeça no travesseiro sabendo que alguém te ama e se preocupa com você. Agora não, agora você está sozinho, deitado sabe lá onde, com a cabeça sabe lá em que. Você tem que continuar em frente. E foda-se se deitar com a cabeça no travesseiro era mais confortável. Obviamente você terá recaídas, acordará na noite com toda vontade do mundo de ligar pra ela (ou ele) e implorará pra essa pessoa voltar pra você.

.Você não irá dormir. Aquela música que vocês sempre ouviam juntos irá rasgar seu coração. Arrumando seu quarto achará uma carta dela pra você e não resistirá acabará lendo. Então irá buscar todos os presentes que recebeu e ficará admirando. E pensará em como foi bom aquele tempo. E é nesse momento que os fracos se diferenciarão dos fortes. Após tudo isso você tem dois caminhos.

- Sorrir, levantar e dizer: Eu sei viver sem você em alto e bom tom; ou

- Abaixar a cabeça e ficará lamentando como um bom perdedor.


.Sofrer, sorrir, gritar, espernear, chamá-la de filha da puta fará parte do processo. Bebedeiras, encher a cara de chocolate, bater a cabeça na mesa, escrever poesias também. Admito que até hoje escrevo pra ela, me alternando entre coisas bonitas e fúteis com xingamentos poéticos. Seria muito mais fácil ligar uma máquina que apagasse todas as lembranças e deixasse você apenas com as coisas boas. Mas o mundo não é fácil e ninguém disse que seria. Temos que sofrer para aprender sozinhos e lidar com todos aspectos provenientes de uma ex-relação.


.Como é dito por meu companheiro blogueiro: “Os mais fracos, imediatamente encontram amores tapa-buraco, fingem ter superado, até mesmo acreditam, mas entram em prantos à sombra de qualquer lembrança e torcem para nunca encontrar o outro na rua”'. Por sinal, eu adoro essa definição de tapa buraco.


.Não seja assim. Sofra. Muito. Por muito tempo. O suficiente. Não brinquem com sua felicidade nem com seus sentimentos. Busquem o amor verdadeiro. Amem a si próprios antes de amar o próximo. Todos merecem ser felizes. Sem ser assombrados por fantasmas do passado.


.Hoje posso dizer que estou recuperado. Apesar de ter ficado mais de 1 ano nessa batalha contra um fantasma que ficou vivo na minha mente por tempos. Ela ainda aparece em meus sonhos e seu nome em espaços abstratos no meu dia-a-dia, mas eu não me abalo mais. Pois passou. Foi furacão, hoje é brisa passageira.


.Você pensa que viveu o maior amor de sua vida e que nunca se reencontrará. Passará por caminhos tortuosos, irá sofrer, fará besteiras mas no momento certo irá encontrar algo que abalará todas suas estruturas e perceberá que aquele primeiro nem era tudo aquilo que imaginava. Não se contento com pouco, não seja um fraco para não correr um perigo de casar-se com um reles tapa-buraco. Tenha esperança. Você pode. Você deve superar. Você é maior que isso.


Música da Semana - Sete Cidades (Legião Urbana)

Filme da Semana - Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança (Gênero: Drama)

Frase da Semana - "Purifica o teu coração antes de permitires que o amor entre nele, pois até o mel mais doce azeda num recipiente sujo". (Pitágoras)



5 comentários:

Ana disse...

É engraçado (não no sentido ha-ha, da coisa, mas sabe, é surpreendente), mas todos os seus textos tem aquele tom de verdade que dói - ou então são poeticamente completos. São incríveis, na verdade; de um modo ou de outro.
Surpreendem, realmente. Os verdadeiros parece que estremecem as estruturas, de uma forma.. sei lá. Os verdadeiros, amargamente verdadeiros (como esse), também.

É bizarro.
Porque concordo, com cada vírgula, aliás. Os momentos de carência e engano são os mais essenciais, ironicamente.

Enfim, sei lá. Acho que eu não tinha uma conclusão. Só, sabe, adorei.

;*

Anônimo disse...

Às vezes a gente comete uns erros, segue por caminhos que parecem levar a lugares ruins... E eu acho que é nessas horas que a vida trata de nos guiar para o sentido certo, pelo caminho mais tortuoso, de forma que a cada passo a gente aprenda andando, ou sofrendo, a não cometer os mesmos erros... Gostei de ler o seu texto porque confirma a minha tese, de que nenhum sofrimento é em vão... Cabe a nós procurar os porquês.

Maynara disse...

Termino de relacionamento é sempre barra, quando há amor, claro! Quando você se dá conta de que se foi, você só quer fugir dali, esvaziar seu peito, espernear, e de qualquer maneira encontrar uma razão p/ aquilo estar acontecendo logo c/ você. Mas quer mesmo saber?! Não há razão! Somos humanos, estamos em constante mudança, os sentimentos mudam, as circunstâncias nos fazem mudar, precisamos disto. Não há culpados. E o amor?! Ah, o amor... Não é fácil de sentir, tão pouco de lhe entender. Entender sua estrita relação c/ a dor. Gosto de me servir do exemplo dos anjos que questionavam a Deus: Senhor, não haveria outra maneira de entregar seu único filho, não seria menos doloroso?! E Ele respondeu: Mas não seria amor... Consegue entender?! O saldo disto tudo (pelo menos a mim), é olhar no espelho e ver, sentir, que após todo esse tempo que lhe rasgou o peito de tanto amor, você pode sentar, e chorar, c/ sinceridade capaz de ruir um muro de concreto, mas c/ olhar capaz de reconhecer a beleza que há no fim, e o novo início que este representa. Enxergar como cada ferida que vem cicatrizando, lhe ajuda a crescer como humano, e que vivenciá-la c/ dignidade é dispensar as mentiras que você constrói p/ tudo que lhe falta. É ser vivaz, honesto. Se permitir ser você. Ter consciência que lutou, caiu, mas de forma magnífica reergueu-se, e esta colocando a cara para bater novamente, ao seu tempo, pronto p/ outra. Agora mais forte. Costumo dizer que a diferença entre os mais doces venenos e as curas mais eficazes, é somente a dose. Na recuperação a dose de amor, é amor próprio. ;) E esse amor que “se foi” sempre estará lá. Sim, é eterno. O que muda é a forma como a lembrança age em nós. ^^

Laryssa Ribeiro disse...

Nem sei se devo comentar, ou se tenho o que comentar. Dei uma certa força para que Gérson escrevesse sobre isso. Quando ele me falou, achei a idéia genial. Lendo agora, achei a reflexão genial.

Eu sempre falei que odeio tudo o que começa com "ex", mas acho, olhando agora, que este prefixo é essencial para que cresçamos. É no término de relacionamentos [e seja qual for] é que testamos nossa força, nossa capacidade de "sacudir a poeira e dar a volta por cima" e principalmente, nosso amor-próprio, como nossa amiga Maynara disse. Seríamos pessoas tão pobres se não pudessemos aprender com os nossos erros, e até mesmo com o erro dos outros... Até o erro alheio é muito bem-vindo, te deixa esperto, atento, sagaz, eu diria. "É assim como não devo agir."

Também acho que essa dificuldade, esses términos, servem para mudar rotinas, e fazer com que nossas vidas saiam daquele marasmo que o amor nos traz [não que ele não seja bom, óbvio]. Mas quando tudo é muito difícil, se torna mais legal conquistar as coisas. Quando é fácil, fica chato rapidinho [isso não é uma regra]. Tem uma máxima de Schopenhauer: "Imagine essa corrida transportada para uma Utopia onde tudo cresce sozinho e os perus voam de um lado para o outro já assados, onde os amantes se encontram sem qualquer demora e possuem um ao outro sem qualquer dificuldade: em tal lugar certos homens morreriam de tédio ou se enforcariam, outros lutariam e se matariam entre si, e assim criariam para si mesmos mais sofrimento do que a natureza inflige a eles. O pólo oposto do sofrimento [é] o tédio."

Há quem ache isso absurdo, mas não é absurdo, é a realidade. Aliás, a realidade é absurda. Tudo muito perfeito às vezes cansa, não é mesmo? Então pra quê se preocupar com namoros? Se eles estiverem mal, estarão mal, e se eles tiverem bem, os amantes daram um jeito de deixar tudo mal. Ou seja, o fim é inevitável, é a natureza humana.

Com todos esses comentário aí, acho que algumas pessoas vão querer me matar. xp

Aceitemos a realidade, gente. [hipócrita? nem.]

Beijos!

Larissa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.